3/21/2007
2/12/2007
Peças PDV - Campanha Mabelokos
Campanha criada para uma nova linha de biscoitos Mabel, que possui 30% mais recheio que os biscoitos comuns.
O nome e o uso de monstros como "mascotes" foi uma escolha do cliente. Inclusive a logo e os personagens foram criados por um estúdio de design de São Paulo e já chegaram prontos junto com o briefing! A mim coube a criação do slogan, do jingle e do filme. A direção de arte é do genial Daniel Cortizo.
1/25/2007
11/23/2006
11/14/2006
11/13/2006
11/07/2006
11/05/2006
11/01/2006
10/01/2006
Artigo
Sangue e fé.*
Se você acha que HQ’s são histórias sobre super-heróis em colants coloridos, reveja seus conceitos. Se você acha que quadrinhos adultos se resumem a Hellblazer e Sandman, também. Passou da hora de vocês conhecerem Preacher.
Publicada entre 1996 e 2000 nos EUA, Preacher é o mais seminal e influente título de HQ dos últimos 15 anos. Criação dos geniais Garth Ennis (texto) e Steve Dillon (arte), a série conta a história de Jesse Custer, um reverendo evangélico sem vocação e alcoólatra. Ao ser possuído por Gênesis – uma entidade nascida da união entre Céu e o Inferno que nunca deveria existir – Jesse descobre que Deus deixou seu posto no céu e parte em busca do Criador para saber por que ele abandonou a humanidade a própria sorte. Mas essa busca não é espiritual ou simbólica.
Graças a Gênesis, a voz de Jesse passa a ser literalmente a Voz de Deus, com o poder de comandar aqueles que o ouvem a fazer o que quer que ele diga. Jesse bebe demais, fuma demais, e possui o hábito peculiar de ouvir conselhos do fantasma de John Wayne. Como parceiros de jornada, o Peregrino – como é chamado pelo espírito do ator – terá Tulipa, sua ex-namorada e assassina profissional, e Cassidy, um vampiro irlandês e beberrão. Some a eles um Santo dos Assassinos, anjos caídos e cocainômanos e uma seita armamentista-religiosa que planeja a dominação global, e você terá uma pequena mostra do universo que permeia as 66 edições e os 6 especiais da série, editada pela Vertigo, selo adulto da DC Comics.
Com o texto sempre ácido de Ennis e a arte segura e marcante de Dillon, Preacher colocou o dedo em inúmeras feridas e sacudiu a puritana sociedade americana no final dos anos 90. Além do sempre espinhoso tema fé, a série aborda temas como sexualidade, preconceito racial, cultura de massa, capitalismo, amizade, amor, drogas, esperança, relações familiares e até a Guerra do Vietnam (troque por qualquer outra conflito em que os EUA se envolveram nos últimos 40 anos).
Mas Preacher não é apenas ousadia temática. Enquanto hoje é comum vermos adaptações de HQs no cinema (de Estrada para Perdição a Homem-Aranha), Ennis e Dillon anteciparam e inverteram essa tendência, levando a linguagem cinematográfica para a 9ª arte. A série é um grande “road-movie”, em que as edições alternam a violência estilizada de Assassinos por Natureza, os diálogos afiados de Pulp Fiction e o sobrenatural kirsch de Dogma. Isso sem falar na onipresente homenagem aos clássicos westerns de John Ford e as incontáveis referências pop presentes em cada edição.
Graças ao sucesso das desventuras de Jesse Custer junto ao público, os quadrinhos americanos receberam um sopro de criatividade. Obras como Transmetropolitan, de Warren Ellis, que narra o dia-a-dia do jornalista e escritor Spyder Jerusalém, um verdadeiro terrorista da palavra em um futuro caótico; e Y: The Last Man, de Brian K. Vaughan, que conta a história do único sobrevivente de uma praga que dizimou todos os mamíferos machos (humanos e animais) da terra, talvez nunca tivessem chegado às mãos dos amantes de HQs não fosse o pioneirismo de Preacher.
No Brasil, Preacher começou a ser publicada em 1998 pela extinta editora Metal Pesado. Depois, passou a ser distribuída pela Brainstorme Editora. Hoje, é possível encontrar as edições em sebos e sites especializados em scans de HQs. Pode dar trabalho encontrar, mas vale a pena.
* Texto originalmente publicado na edição 18 da Revista Talk:) e no site do CCGO.